sexta-feira, 12 de novembro de 2010

ESCOLA REALIZA DEVOLUÇÃO DO PROJETO DESENVOLVIDO AO LONGO DO ANO DE 2010
A E.B.M. Marechal Rondon realizou no dia 27 de outubro uma atividade para devolução do projeto Valores desenvolvido com as séries finais do Ensino Fundamental. Participaram das apresentações professores e alunos da unidade escolar.
A escola agradece a todos que contribuíram para o desenvolvimento do projeto!


Confira as fotos

























quarta-feira, 10 de novembro de 2010

A E.B.M MARECHAL RONDON PARABENIZA OS ALUNOS CLASSIFICADOS NAS OLIMPÍADAS DE LÍNGUA PORTUGUESA E AGRADECE A PARTICIPAÇÃO DOS DEMAIS ALUNOS!
Confira os textos classificados
 

 
ESTRANHOS BARULHOS
Ana Carolina Fagundes Ribas

É inverno. Época de muito frio. Época também da colheita e pinhão, fruto de grande abundancia e de gosto sem igual.
É costume dos meus vizinhos e justamente da minha família colher os frutos fazendo um “pixirum” – mutirão.
A minha casa fica no interior da cidade e no dia escolhido para a colheita, meus pais saíram cedo de casa,. Como o caminho era longo e de jornada difícil, eu e minha irmã pedimos para ficar. Que alegria! Estávamos sozinhas. Então  convidamos uma amiga para nos fazer companhia, logo começou a ventar muito forte e a trovejar muito forte.
Sabíamos que a colheita iria demorar. Não havia para fazer, neste momento decidimos fazer a brincadeira do copo. Fomos ate a cozinha, pegamos um copo, fizemos um circulo na sala e começamos a jogar. Estava tudo bem, quando começamos a ouvir alguns barulhos estranhos, pequenos passos que vinham de longe, um grito arrepiante e um forte rangido na porta. Veio o desespero. Minha irmã, mais corajosa, perguntou se havia algum espírito na casa. Responderam que sim.
O medo si aumentava. Pedimos para o espírito sair, não aceitou. Naquele momento, estávamos mais caladas do que nunca, apreensivas, sérias, sem nenhum sorriso no rosto. Os ventos ficavam mais fortes e o coração mais acelerado.
De repente, um grande trovão. As luzes as luzes se apagaram e escureceu. Os passos voltaram. O grito arrepiava cada vez mais, o trinco começou a mexer lentamente e também a agonia por não sabermos o que estava prestes a acontecer.  O que poderia estar atrás da porta? Um nó nos subiu à garganta quando a porta foi se abrindo. Não tínhamos coragem de olhar, apenas gritamos.
A primeira a enfrentar o medo foi Aline, minha irmã, que tentava nos acalmar nos dizendo que eram apenas nossos pais chegando com os pinhões da colheita.
Voltamos à sala para tentar sair daquele jogo. Pedimos licença aos espíritos eles aceitaram. Assim ficamos mais aliviadas. Mas, ficou o mistério: de onde vinham os passos? E os barulhos estranhos? Será que eram espíritos? Ou somente a imaginação de três adolescentes?


DA TRAGÉDIA À RECONSTRUÇÃO
Eduarda Werner Eger

Quantas recordações...Aqui construí minha vida, realizei meus sonhos, fiz historia. Vivi momentos inesquecíveis. Digo isso porque cheguei em Otacílio Costa logo que casei, dando inicio a uma nova vida que começava com o emprego do meu marido na fabrica Olinkraft  - hoje Klabin – e com a chegada dos filhos.
O local era pequeno, pouco movimentado. Na época não tínhamos ruas asfaltadas, ou com calçamento como temos hoje. A estrada era de chão e quando chovia podíamos sentir o cheiro da terra molhada e ver as poças d’água convidando a “piazada” a brincar no barro. Que festa! Éramos muito felizes. As famílias eram mais unidas e estavam sempre juntas, seja pra contar casos ou ir ao “matinê” -  cinema passado numa máquina antiga na casa do Sr. De Barba.
E os banhos de rio? Que maravilha! Passávamos tardes de verão brincando nas águas do rio Canoas que eram  bem menos poluídas do que hoje.
Mas esse mesmo rio que nos proporcionou tamanha diversão, também nos marcou por outro motivo.
Foi o anos de 1983. Já no mês de janeiro começou a chover muito. E assim aconteceu nos meses seguintes. A cada chuva as águas do “nosso” rio Canoas perdiam a aparência tranquila dando lugar a um ar sombrio e assustador.
Manha de julho. Ao acordar, abri a janela do meu quarto e vi a margem do rio próximo à minha casa. Ficamos apavorados e tivemos que agir rapidamente, pois o nível do rio subia tão depressa que para tirarmos as ultimas coisas já tivemos que usar uma canoa.
Chorei muito! Por alguns minutos achei que era um pesadelo. Não queria acreditar. O meu maior medo era de perder um dos meus filhos. Me senti insegura, impotente. Ali estava todo o sonho de uma vida e eu nada podia fazer.
Naquele momento, procuramos abrigo no Salão da Igreja São José, lugar onde varias famílias já estavam alojadas. Lembro que meu marido meu filho mais velho tentaram fazer quartos com cortinas e lençóis para termos o mínimo de privacidade.
Lembro, também, que rezei muito. Nunca pedi algo a Deus  com tanta devoção. Mas a chuva continuava e com ela também minha aflição. Meu marido e eu víamos sempre s previsão do tempo na nossa tevê preto e branco. Às vezes tínhamos que colocar bombril na antena, pois não pegava direito.
As crianças estavam bem acomodadas. Para falar a verdade, como é bom ser criança! Mesmo com tantos problemas estavam lá, arteiras, correndo de um lado para outro. Tudo era festa! Passavam o tempo brincando com os amigos. Jogavam bola, quilica.
E do meu pensamento não saia a minha casinha. Será que ainda estava lá? Estaria resistindo a tanta água? Muitos foram os momentos de aflição passados não só por mim, mas por grande parte da população de nossa cidade. Os que não foram atingidos nos eram solidários e cooperavam conosco.
Alguns bairros ficaram isolados tendo como único meio de transporte o barco do Corpo de Bombeiros que levava as pessoas de um lado da cidade para o outro.
Foram quarenta e cinco dias de angústia até chegar a hora de voltarmos para o nosso lugar. Eu, novamente, chorei. Tive medo de voltar e ver o que não queria.
Quando vi o estado de minha casa, abracei meus filhos, derramei lagrimas de dor. Ela estava muito danificada, nenhum porta fechada, o assoalho estufou. Era agora um lugar triste, sem o cantar dos pássaros e o rio ainda bufava de fúria.
Distanciei-me um pouco com meu filhos, pois o cheiro de lodo e sujeira fazia arder as nossas narinas. Lembro que sentamos em uma madeira que chegara ali com a força da água e comecei a contar-lhes como havia chegado ali e como havíamos construído tudo aquilo. Foi então, que ouvi de meu filho mais velho que não devíamos desanimar, pois agora podíamos construir algo juntos e ainda melhor. Éramos uma família, acima de tudo, unida.
Confesso que isso mexeu comigo. Comecei a ver tudo com um olhar diferente e com estimulo para recomeçar. Eu tinha uma família, o bem mais precioso quer alguém pode ter.
Tivemos muito trabalho, mas aos poucos o nosso lar ganhou vida novamente. O sol voltou a brilhar, o verde começou reaparecer de mansinho. Até mesmo os pássaros voltaram para nos dar bom-dia toda manha. E hoje, com todos os filhos casados e muitos netos, esta mesma casa acolhe muito amor e muita alegria.


(Texto baseado no relato da senhora Rosilda Hames Eger, 66 anos)


O TROPEIRO VIAJANTE
Enzo Ronconi Almeida

Vem tropeiro viajante
Nas estradas de araucária
Lá nos morros do horizonte
E antes que a noite caia
Junta a tropa com o berrante
Na cerração densa e gelada
Sente no corpo o vento rasgando
Olha pra frente, não enxerga nada
Mesmo assim vai adiante
Pois sabe que na Encruzilhada
Tem repouso nos “Daboite”
Ainda meio receoso
Igual a sei Baio velho e doente
Vai rezando o Credo alto
Pra espantar o medo presente

Os companheiros confiam nele
Pois é velho e veterano
Por aqui sempre passou
Não tem medo de bicho e gente
Feliz enxerga um galpão
E um boteco adiante
Chega na Casa Branca
Pede fumo e aguardente
Comida e bebida pra todos
E um descanso para a mente
De madrugada sai de novo
Pra levar a boiada à frente
E fazer tudo de novo
Pois é tropeiro catarinense
No caminho novamente
Guia a tropa, trilha à frente
Uma saudade no peito
Quando avista um rio adiante
Com orgulho muito forte
Fala “sou tropeiro minha gente”

Tropeiros não mais existem
Pois foram deixados para trás
Agora existem lembranças
De um progresso eficaz
Vieram as máquinas e carros
E uma historia para contar
Não se vê tropas de gado
Não se usa bota e bombacha
As estradas são de asfalto
Não se escuta o berro alto
Dos berrantes a tocar
Pois é a história dessas terras
E de muitas vidas
É a história do meu lugar.